segunda-feira, 12 de abril de 2010

Um caminho, dois olhares.

A consciência de saber, só nos é dada após termos vivido, aprendido.

As vezes, demoramos muito para descobrir qual caminho deveríamos ter seguido. Não. Essa não é uma cena nostálgica, nem um confessionário do arrependimento. Vivemos plenamente as nossas escolhas, sim aquelas que foram feitas com convicção que o momento pedia, onde nos era apresentada uma pergunta, aquela que extrairia de nós uma resposta querendo ou não, estando preparados ou não, e muitas vezes não estamos e falhamos.

De alguma forma amadurecemos e aprendemos com nossas escolhas quando chegamos ao final do caminho e vimos que ele nos levou a lugar nenhum. Como um passatempo de labirinto, aquele que tem só uma entrada e só uma saída, que é sempre a certa, mas que tem vários percursos e muitos sem saída.

Mas a vida não é fácil e muitas, muitas vezes mesmo, precisamos voltar a interseção errada e buscar um novo caminho. Se tivéssemos a capacidade de advinhar o futuro, equivaleria no jogo em percorrer o caminho só com os olhos sem rabiscar o papel e assim não estragar a chance que temos. Mas não. Precisamos viver. Por isso muitas vezes, na maioria, os conselhos são ignorados e aprendemos mesmo é pondo a alma, o corpo e o coração a toda prova num liquidificador de emoções.

Tentamos retornar ao ponto onde tudo ia bem, para escolher o caminho certo, aquele que nos leva a vitória. Ah! O mais importante, sem que para isso devamos abandonar a quem amamos. Sim, pois toda caminhada com obstáculos é mais fácil de ser vencida quanto levamos junto daquela pessoa que amamos e nos ama, pois um sempre poderá ser o amparo, a alavanca, o apoio, a mão, para o outro.

Se por algum percalço no caminho nos separamos do amor da nossa vida, torna-se crucial nos reencontramos e muitas vezes, isso toma tempo, pois num emaranhado de opções e direções ficamos confusos. Nessas horas, a saudade como uma lente aumenta o amor de uma forma que ele transborda, não cabe no peito. Ao mesmo tempo que nos alegra por confirmar que é ela a pessoa da nossa vida, nos comprime pela ausência física do amor. Muitos sossobram, se perdem, enlouquecem, desistem ou simplesmente estagnam.

Eu naufragui e imergi em meio a águas turvas, frias e quando achei que por lá ficaria, foi que consegui voltar a tona e entender que encontrar-se com o amor da sua vida novamente é a parte mais fácil, e mesmo no labirinto isso acaba ocorrendo.

O mais dífícil, é aprender que nessa nova etapa percorrer não é uma tarefa só sua, individual. A pessoa que amamos não nos seguirá, deve caminhar lado a lado, alargando o caminho, terá opinião, decisão e escolha nas rotas a serem traçadas e mas do que uma companhia ela é seu par.

Como dois olhos que juntos, conseguem ver melhor todo o desenho do passatempo e escolher o melhor trajeto mesmo antes de traçá-lo, os dois devem funcionar como uma visão completa. Diferente de olhar o mesmo desenho com cada olho de uma vez, tampando o outro, onde sempre veremos a mesma coisa com imagens e ângulos diferentes. Olhar de forma completa, em par, unidos.

Que meu olhar contenha outras íris para poder chegar a saída.

Meu amor, minha delícia, te amo.

Um comentário:

Humberto Neves disse...

Paulo!
Parabéns!!! O texto é lindo e uma síntese da nossa vida. Muito obrigado por nos dar a oportunidade de ler este texto.